Algoritmização da vida, estamos refém dos apps?

Sabe aquela sensação de que a vida não está caminhando conforme desejamos? Talvez nunca nos demos a chance de nos debruçarmos sobre como tantas influências podem moldar a nossa visão de mundo e a percepção sobre quem acreditamos ser: a cultura atual, os paradigmas, as normas de comportamento e condutas, e agora; o mais inesperado: os algoritmos. E todas essas influências acabam nos pressionando, talvez nos sufocando ou sendo um estímulo para nos desenvolvermos.

Algoritmos são as instruções que todos os aplicativos seguem para funcionarem, operando neste celular que está usando para ler, em diversos softwares. Imagine agora que milhares de algoritmos estão sendo produzidos por programadores e originando novas formas de comprar, de se relacionar e enfim, de vivermos a nossa vida. Então, além de tudo que pode condicionar nossa visão e nossos comportamentos, estamos criando uma nova forma de limitar ou potencializar ainda mais a nossa existência.

As relações parecem estar líquidas, uma vez que ao apertar de um botão virtual, podemos conhecer novas pessoas. Como escolher em meio a essa mar de opções? Não escolhemos, hesitamos. Por meio de algum app podemos pedir uma refeição, mas de onde surge aquele prazer de estar cercado de pessoas que nos importamos — em um restaurante ou em casa com aqueles que amamos, cozinhando a nossa própria comida — e estar vulnerável de uma forma humana: quando estamos abertos nos alimentando junto com o outro, de igual para igual, com os nossos costumes e trejeitos.

Não estou condenando os aplicativos e sistemas que estão permeando todos os aspectos da nossa vida, muito pelo contrário, eles facilitam a nossa vida. O importante é estarmos conscientes de como estamos cultivando a nossa vida, se com torpor acostumados com o conforto dos apps, daqueles de relacionamento ou delivery, ou ainda o Instagram e as redes sociais, que trazem alento neste momento de isolamento social, mas que podem evocar ansiedade e comparações desnecessárias.

Já parou para pensar em como os apps e algoritmos podem moldar o nosso comportamento e as novas relações, de trabalho ou íntimas?